O agronegócio não escapou dos cortes promovidos pelo governo federal. O pacote de medidas anunciado em Brasília pelos ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e Planejamento, Nelson Barbosa, no início da noite desta segunda-feira (14/9), inclui redução de subsídios destinados a programas de garantias de preços agrícolas, que devem gerar um impacto de R$ 1,1 bilhão. Ao todo, o governo pretende deixar de gastar R$ 26 bilhões do Orçamento previsto para 2016. O plano para reequilibrar as contas inclui ainda o retorno da CPFM, de 0,20%, além da suspensão de concursos públicos, redução de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida, entre outros.
A redução de subsídios para o agronegócio tende afetar principalmente produtores de alimentos que dependem mais do mercado interno que das exportações, avalia o economista Flávio França Junior. Produtos como arroz, feijão, trigo e milho estão entre os que mais demandam recursos públicos para sustentação dos preços. “Neste momento, o câmbio está empurrando as cotações para cima. Mas os mercados de alguns grãos são muito voláteis. Essa notícia é extremamente ruim no aspecto psicológico do setor, que agora não poderá contar com ajudar governamental em caso de problemas no mercado”, afirma.
Normalmente, quando os preços de grãos, frutas e outros produtos caem significativamente, o governo intercede, geralmente em leilões, para melhorar a liquidez no mercado e garantir preços suficientes para ao menos cobrir os custos dos produtores.
Para Júnior, o agronegócio também será impactado pelo rebaixamento da nota de crédito para investimentos, promovido pela agência internacional Standard & Poor´s na última semana. “Parte do dinheiro de capital especulativo vai sair e consequentemente teremos alta do dólar, o que traz inflação, aumento de custos. Além disso, encarece os empréstimos com juros altos. Isso que o setor já está apanhando com escassez e encarecimento do crédito. Essa nova situação vai tornar o cenário ainda pior”, diz.
O anúncio do governo mexeu imediatamente com o mercado financeiro nesta segunda-feira. O índice Ibovespa fechou o pregão com alta de 2%. As medidas são entendidas pelos investidores como maneira de tentar reverter a situação de déficit orçamentário, dando ao mercado menos insegurança. O dólar também reagiu e teve a maior queda no mês, fechando a R$ 3,81.
Ao todo, o governo aposta em nove itens para reequilibrar despesas e receita até o próximo ano. Confira a lista.
1) Adiamento de reajuste dos servidores públicos: R$ 7 bilhões
2) Suspensão de concursos públicos: 1,5 bilhão
3) Fim do abono de permanência: R$ 1,2 bilhão
4) Garantia de teto remuneratório do serviço público: R$ 800 milhões
5) Redução do gasto com despesas administrativas: R$ 2 bilhões
6) Mudança de fonte do PAC – Minha Casa Minha Vida: R$ 4,8 bilhões
7) Mudança de fonte do PAC – além do Minha Casa Minha Vida: R$ 3,8
8) Cumprir o gasto institucional com saúde: R$ 3,8 bilhões
9) Revisão de gasto com subvenção agrícola: R$ 1,1 bilhão
Fonte: CASSIANO RIBEIRO, COM AGÊNCIAS