Quando se fala em sustentabilidade no Pantanal, o foco costuma recair sobre a preservação ambiental. No entanto, para quem vive e trabalha no bioma, como destaca Ana Cristina Andrade Bezerra, veterinária na Servsal, o conceito vai muito além da natureza: envolve também valorizar as pessoas que fazem da pecuária seu modo de vida.

A permanência de três gerações em uma mesma fazenda pantaneira é um sinal de sucesso. Segundo Ana Cristina, muitas propriedades da região já estão na terceira geração de produtores, resultado de um trabalho que alia manejo ambiental, gestão de pessoas e a transmissão de saberes. O bem-estar das famílias e colaboradores é, portanto, essencial para a continuidade dessas histórias.

O cuidado com a nutrição animal, a formação de pastagens adaptadas ao bioma e o uso de tecnologias apropriadas só fazem sentido quando acompanhados de mão de obra capacitada. “É preciso amansar o gado, treinar os trabalhadores e organizar o espaço com eficiência e respeito”, pontua a veterinária. A sustentabilidade, nesse sentido, é uma construção coletiva entre homem, animal e meio ambiente.

Iniciativas bem-sucedidas, como a da Fazenda Baía das Pedras, mostram que é possível conciliar produtividade com preservação ambiental e valorização cultural. Reconhecer e apoiar quem vive no Pantanal é o primeiro passo para construir soluções duradouras para o bioma. Afinal, o Pantanal também é, e sempre foi, sobre gente.

“E essa é a verdadeira riqueza do bioma pantaneiro. Para construir políticas e soluções que realmente fortaleçam o Pantanal é essencial uma visão integrada do campo como um espaço de vida e trabalho, e não apenas de produção. O futuro do bioma depende do reconhecimento de quem faz dele sua casa e seu meio de sustento”, conclui.