Produto entrou em acordos que Trump fechou com Reino Unido, Japão e Indonésia
Os preços do etanol nos Estados Unidos despencaram nos últimos dois anos, reflexo do aumento da produção no país e de uma queda na demanda causada pelo avanço dos carros elétricos. Para dar um destino a esse excedente e barrar a queda dos preços, que chega a quase 20% em dois anos, Washington tem inserido o produto — fabricado a partir do milho nos EUA — em acordos comerciais recentes. Também com esse objetivo, o governo Donald Trump decidiu investigar a tarifa de 18% que o Brasil impõe ao etanol de fora do Mercosul.
Na bolsa de Chicago, os contratos futuros de etanol, que são referência para as negociações nos Estados Unidos, despencaram em outubro de 2023 e, mesmo após algumas oscilações, acumulam desde então uma queda de 18,9% em 24 meses, de acordo com o Valor Data.
Em Iowa, importante Estado fabricante dos EUA, os produtores chegaram a enfrentar prejuízo operacional em fevereiro, e até o início de maio, as margens estavam em até US$ 0,20 por galão. Desde outubro de 2023, as margens raramente superaram US$ 0,50 o galão, conforme dados da Universidade do Estado de Iowa.
Entre janeiro e junho, a margem média de produção de etanol nos EUA ficou em US$ 0,08 o galão, abaixo da média histórica, segundo dados da S&P. De acordo com uma análise de Scott Irwin, da Universidade de Illinois, já em 2024 a margem dos produtores dos EUA estava abaixo da média desde 2007, após um período de margens maiores entre 2021 e 2023.
Segundo Jamie Dorner, analista sênior de biocombustíveis da S&P, os preços do etanol nos EUA costumam acompanhar os do milho, que vêm em baixa nos últimos anos. “E a tendência que vemos é que os preços do milho vão continuar caindo e vão ter influência no preço do etanol”, afirmou a especialista.