Com queda nos preços, perdas totais do setor podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões em 2025
Mesmo de fora oficialmente do tarifaço de 50% dos Estados Unidos, o setor de suco de laranja brasileiro poderá ter impactos imediatos de R$ 1,5 bilhão nas exportações aos americanos. Os subprodutos da cadeia produtiva são afetados diretamente, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Com a queda nos preços internacionais, as perdas totais do setor podem ultrapassar R$ 2,9 bilhões em 2025, estimou a entidade.
O prejuízo de R$ 1,54 bilhão calculado pela CitrusBR decorre da inviabilidade econômica das exportações de subprodutos do suco de laranja, taxadas em 50%. Na safra passada, as vendas renderam US$ 177,8 milhões (equivalentes a R$ 973,6 milhões). A entidade somou a esse valor o impacto estimado da tarifa de 10% sobre o suco de laranja, de US$ 103,6 milhões (ou R$ 566,7 milhões). Os valores consideram o volume registrado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) na safra 2024/25.
Os subprodutos da cadeia citrícola são utilizados tanto pela indústria de bebidas quanto pelas empresas de cosméticos. Nos Estados Unidos, cerca de 58% do consumo de suco é composto por suco reconstituído — produto concentrado a 66% de partes sólidas, com consistência semelhante à do leite condensado. Após a importação, o suco recebe água até atingir sua diluição natural, com cerca de 12% de partes sólidas.
“Muitos desses produtos dependem de ingredientes como células cítricas — os gominhos da laranja — e óleos essenciais responsáveis pelo aroma, e esses insumos estão sobretaxados em 50%, o que inviabiliza a operação”, afirmou, em nota, o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto. “Isso pode ter efeito negativo na experiência do consumidor, prejudicar as empresas americanas e, por consequência, impactar toda a cadeia brasileira”, completou.
Segundo a CitrusBR, os óleos essenciais também são fundamentais para a indústria de cosméticos, responsáveis pelas notas cítricas dos perfumes. Os EUA são destino de quase 36% das exportações brasileiras de óleo essencial prensado, 39% de óleo comum e cerca de 60% para o d-limoneno, utilizado em fragrâncias e solventes naturais. “Pode ser um impacto muito grande para esses setores”, reforçou Netto.
Além do impacto tarifário, o setor enfrenta uma retração nos preços internacionais, consequência do aumento de 36% na oferta de frutas em relação à safra anterior, segundo dados do Fundecitrus. De acordo com a Secex, o preço médio da tonelada exportada para os Estados Unidos na safra passada foi de US$ 4.243. Na cotação de 7 de agosto, o valor caiu para US$ 3.387 — uma redução de 20,17%. Mantido o volume exportado, a perda estimada de receita com a desvalorização é de US$ 261,8 milhões, o equivalente a R$ 1,43 bilhão.