Mesmo com o corte, volume previsto aponta crescimento de 1,8% em comparação com 2024/25
Com 96% da área de café colhida até o fim de agosto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reduziu, em seu terceiro levantamento, a estimativa para a produção brasileira na safra 2025/26, de 55,7 milhões para 55,2 milhões de sacas de 60 quilos. Mesmo com a redução, o volume estimado é 1,8% superior à colheita da safra 2024/25. Os números consideram a produção das espécies arábica e conilon.
A estimativa de uma colheita de café menor do que o previsto em maio, no principal produtor mundial, teve pouco impacto sobre os preços do arábica na bolsa de Nova York nesta quinta-feira (4/9). Os contratos para dezembro avançaram 0,20%, a US$ 3,7440 a libra-peso.
Na visão de Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado da StoneX, o corte nas projeções para a safra brasileira já estava precificado há tempos, com grande parte dos investidores antecipando um resultado aquém do esperado. Na semana passada, a consultoria também reduziu a previsão para a colheita de café no Brasil, para 62,3 milhões de sacas, ou 3,4% abaixo do estimado em abril.
Vicente Zotti, sócio da Pine Agronegócios, considera que os dados da Conab têm “inconsistências”, por isso não influenciaram os preços futuros.
“Ao analisar as projeções para o arábica, a primeira estimativa [da Conab] apontava para 34,5 milhões de sacas, que depois passou para 36,8 milhões e agora está em 35,2 milhões de sacas. Devido a essa diferença, o mercado dá menos peso para uma única projeção específica e passa a considerar uma média, analisando os números das principais casas”, afirmou.
A Pine projeta uma colheita de pouco mais de 61 milhões de sacas de café na safra 2025/26.
Na estimativa divulgada ontem, a Conab apontou um aumento de 3% na produtividade das lavouras na média nacional, que saiu de 28,8 sacas por hectare em 2024/25 para 29,7 sacas por hectare nesta safra. “É importante lembrar que em 2024, ano de bienalidade positiva, o desempenho das lavouras foi prejudicado devido às adversidades climáticas registradas em diversas regiões produtoras”, afirmou a estatal, no relatório que acompanhou a previsão.
A área em produção no atual ciclo está estimada em 1,86 milhão de hectares, queda de 1,2% em relação à safra anterior.
Essa queda se deve, principalmente, ao ciclo de baixa bienalidade associado à redução da área em produção, segundo a Conab. Minas Gerais, principal Estado produtor de café do país, deve colher 24,7 milhões de sacas, 10,8% menos que na safra anterior. “Além da bienalidade negativa, o registro de longo período de seca nos meses que antecederam a floração influencia na queda esperada”, disse a Conab.
Para o conilon, a estatal estimou uma produção de 20,1 milhões de sacas, aumento de 37,2% em relação à safra anterior e de 2 milhões de sacas em relação à projeção de maio. O clima regular que favoreceu parte das floradas e a boa formação de frutos, em especial no Espírito Santo, explicam a previsão de alta.
O Estado, maior produtor da espécie conilon no Brasil, deve colher 13,8 milhões de sacas, 40,3% mais que na safra anterior, graças ao bom volume de chuvas, segundo a autarquia.
Outros Estados
Outro importante Estado produtor, a Bahia deve registrar uma melhora de 33,5% na produção total do grão (arábica e conilon), estimada em 4,1 milhões de sacas em todo o estado. Tal crescimento se deve à entrada de novas lavouras em produção, com alta produtividade e manejo irrigado, sobretudo na região do Atlântico, onde predomina a espécie conilon, e no Cerrado baiano. Na espécie conilon, que representa 72% da produção de café na Bahia, observa-se o expressivo crescimento de 51,2%, com o volume de produção previsto em 2,95 milhões de sacas. A espécie arábica apresenta crescimento de 2,4%, prevista em 1,1 milhão de sacas.
Rondônia também deverá registrar um acréscimo de 10,4% na colheita em comparação à safra passada, com uma produção estimada em 2,3 milhões de sacas em 2025.