sexta-feira, outubro 31, 2025

Aluguel de máquinas agrícolas ganha força e começa a se consolidar no Brasil

Aluguel de máquinas agrícolas ganha força e começa a se consolidar no Brasil

O mercado de aluguel de máquinas agrícolas no Brasil ainda é incipiente, mas começa a se consolidar como uma alternativa para produtores que buscam reduzir a imobilização de capital e, com isso, ganhar flexibilidade financeira. A conclusão é do estudo “Máquinas Agrícolas — Alugar, Comprar ou Terceirizar?”, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Agroconsult e o Projeto Campo Futuro.

De acordo com o levantamento, a locação de tratores, pulverizadores e colheitadeiras é mais comum entre médios e grandes produtores, principalmente em segmentos como cana e florestas, mas vem despertando o interesse de produtores de grãos. O estudo analisou 12 regiões de cultivo e simulou diferentes cenários de financiamento e custo para comparar em quais cenários a locação era mais vantajosa do que a compra de máquinas novas.


Nos contratos que a CNA avaliou, o custo mensal do aluguel corresponde, em média, a 2% do valor do maquinário, sem incluir manutenção. Os produtores seguem arcando com o combustível e a mão de obra.

As simulações usaram valores de referência do Projeto Campo Futuro, com base no Plano Safra 2025/26, que prevê juros de 13,5% ao ano para o Moderfrota, o principal programa federal de financiamento da compra de máquinas agrícolas, e 12,5% para o Moderfrota Pronamp, voltado a produtores de médio porte.

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Com essas condições de crédito, o estudo concluiu que a frota própria ainda é mais viável do que a locação, já que o custo mensal do aluguel é maior do que as parcelas de financiamento de máquinas novas. “Nas condições atuais, o aluguel não se mostra [mais] atrativo [do que] a compra”, diz o relatório. A vantagem muda de lado, porém, quando a taxa de juros de mercado sobe para 20% ao ano — nesse caso, o aluguel passa a ter resultados equivalentes à frota própria.

A CNA simulou também ajustes no preço do aluguel: se, em vez de 2%, o custo mensal for de 1,7% ou 1,8% do valor da máquina, a locação é competitiva mesmo sem juros de mercado altos.

Contratos flexíveis

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O relatório descreve os contratos de locação como flexíveis, já que permitem incluir serviços de telemetria, pacotes de agricultura de precisão e manutenção, o que influencia o valor final. Além de reduzir as despesas de capital de longo prazo, ou “Capex” — juros, amortização e entrada —, a locação minimiza a depreciação e mantém o limite de crédito livre, evitando comprometer o caixa com dívidas de longo prazo.

O custo mensal do aluguel equivale, em média, a 2% do valor do maquinário

Segundo o estudo, produtores rurais pessoa jurídica podem, além disso, obter vantagens fiscais, abatendo despesas de locação no imposto de renda. “Com menos capital imobilizado, o produtor ganha liquidez e mantém recursos disponíveis para investir em outras áreas do negócio”, aponta o relatório.

Por outro lado, o levantamento faz o alerta de que reajustes vinculados ao IPCA, o índice oficial de inflação do país, podem levar ao descasamento entre o custo do aluguel e o preço das commodities agrícolas. O estudo observa ainda que é importante que o locatário fique atento a cláusulas contratuais que geram custos adicionais, como multas por danos, ociosidade e exigência de treinamentos para uso de telemetria.

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