Cenário representa mais um desafio para a indústria e também é preocupante para os agricultores
Os preços da amônia e do enxofre, duas matérias-primas importantes para a produção de fertilizantes, registraram aumentos nas últimas semanas, segundo relatório da consultoria StoneX divulgado nesta terça-feira (16/9).
Na Europa, a amônia acumula 14 semanas consecutivas de alta. No Brasil, o enxofre ultrapassou novamente a marca de US$ 300 por tonelada, valor que não era registrado desde 2022, logo após o início do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Embora os preços mais altos de amônia e enxofre não signifiquem, necessariamente, aumento nas cotações dos fertilizantes, a situação é delicada, afirma Tomás Pernías, analista de inteligência de mercado.
“Com relações de troca já nos piores patamares dos últimos anos, esse cenário representa mais um desafio para a indústria, mas em última medida este quadro também é preocupante para os agricultores”, afirmou o analista.
De acordo com da StoneX, a valorização da amônia está relacionada à menor oferta global, causada por paralisações em fábricas, manutenções e cortes no fornecimento de gás natural em países produtores. “Esse movimento pode limitar recuos mais fortes nas cotações, já que os custos elevados reduzem a disposição dos produtores em cortar preços, sob risco de comprimir margens”, explica.
Já o enxofre tem sido impulsionado por uma demanda aquecida no mercado internacional. O produto é utilizado na fabricação de fertilizantes como super simples (SSP), ácido sulfúrico e ácido fosfórico, este último essencial para compostos fosfatados como monofosfato de amônio (MAP) e fosfato diamônico (DAP). Segundo Pernías, o aumento da procura eleva os preços tanto na China quanto no Brasil.
O analista observa que o cenário pode representar desafios para os fabricantes de fertilizantes, especialmente aqueles com estrutura mais limitada para absorver os custos ou repassá-los ao mercado. Além disso, os preços mais altos de matérias-primas podem afetar a dinâmica de oferta e a margem de negociação em toda a cadeia.
“Custos mais altos para a produção também podem limitar a disposição dos produtores em oferecer reduções de preço”, avalia Pernías.