Altas nas cotações refletem padrão climático imprevisível, com secas, chuvas insuficientes e frentes frias que resultam em geadas e granizo nas regiões produtoras brasileiras
As cotações do café nas Bolsas de Nova York e Londres fecharam sexta (29) com boas altas, encerrando o mês com ganhos expressivos, informa o Boletim Carvalhaes. Na ICE Futures US, os contratos de arábica para dezembro subiram, em agosto, 9.740 pontos (33,7%). Já na ICE Europa, os contratos de robusta subiram US$ 1.484 (44,6%) no mesmo período.
De acordo com as informações do boletim, as altas refletem o padrão climático que continua irregular e imprevisível no Brasil, com secas, chuvas insuficientes e frentes frias que resultam em geadas e granizo em cafezais nas principais regiões produtoras. Esses fatores afastam a possibilidade de uma safra recorde no país em 2026, diz o informe.
A este cenário, acrescentam-se estoques historicamente baixos, tanto nos países produtores como nos consumidores, e a desorganização no comércio internacional de café, com o tarifaço dos EUA sobre os cafés do Brasil, maior produtor mundial e maior fornecedor para o mercado estadunidense.
Na sexta (29), o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) se posicionou à respeito da Lei de Reciprocidade, manifestando preocupação quanto ao início do processo por parte do governo federal. Segundo o BC, a apreensão se justifica pelo fato da entidade entender que o cenário necessário e mais coerente, neste momento, é a manutenção do diálogo com o segmento privado e as autoridades dos EUA.
“Isso porque pensar na aplicação da Lei de Reciprocidade é prematuro, uma vez que sequer houve uma reunião entre os governos do Brasil e EUA, além do fato de uma virtual aplicação dessa legislação gerar dificuldades ao setor privado para conversar com seus pares norte-americanos, compradores de café, e impor ainda mais obstáculos para a conversa entre ambos os governos”, escreve o informativo.
Contratos de arábica
Na sexta (29), os contratos de arábica com vencimento em dezembro próximo na ICE Futures US oscilaram 1.765 pontos entre a máxima e a mínima. Bateram US$ 3,8610 na máxima do dia, em alta de 1.120 pontos. Na quinta (28), caíram 780 pontos e, na quarta (27), subiram 1.300 pontos. Em 2025, até o fechamento de sexta-feira (29), os contratos para dezembro próximo somaram alta de 9.675 pontos.
Contratos de robusta
Na ICE Europe, os contratos de robusta para novembro próximo bateram, na máxima de sexta (29), US$ 4.880 por tonelada, alta de US$ 72. Fecharam o pregão valendo US$ 4.815, com ganhos de US$ 7. Na quinta (28), caíram US$ 70 e, na quarta (27), subiram US$ 188. Em agosto, esses contratos para novembro próximo subiram US$ 1.484 por tonelada (44,6%).
Contratos futuros em R$
Em reais por saca, os contratos para setembro próximo na ICE Futures US encerraram a sexta (29) valendo R$ 2.769,19. Terminaram a sexta anterior (22) valendo R$ 2.715,16 e a sexta anterior a ela (15), R$ 2.439,54.
Mercado físico
Subiu fortemente o valor das ofertas no mercado físico brasileiro em agosto, mas o volume de negócios fechados permanece baixo para esta época do ano, de entrada no mercado de uma nova safra. As fortes e repentinas oscilações nas bolsas de Nova York e Londres continuam dificultando o fechamento de um volume maior de negócios, com poucos produtores dispostos a vender nas bases de preços oferecidas pelos compradores. Há interesse comprador para todos os padrões de café. As vendas de conilon estão mais avançadas.
Embarques
Até quinta (28), os embarques de agosto estavam em 1.645.575 sacas de arábica, 393.094 sacas de conilon e 188.288 sacas de solúvel, totalizando 2.226.957 sacas embarcadas, contra 2.473.464 sacas no mesmo dia de julho.
Também até dia 28, os pedidos de emissão de certificado de origem para embarque em agosto totalizaram 2.412.670 sacas, contra 2.818.035 sacas no mesmo dia do mês anterior.