quarta-feira, dezembro 31, 2025

Brasil vai trabalhar para buscar compensação por salvaguarda chinesa

Brasil vai trabalhar para buscar compensação por salvaguarda chinesa

Governo estuda negociação que envolva, por exemplo, a abertura de outros mercados, como miúdos bovinos e suínos

O governo brasileiro vai continuar trabalhando para buscar algum tipo de compensação da China pela imposição de medidas de salvaguarda sobre a carne bovina importada, disse nesta quarta-feira (31/12) o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua.

O Ministério do Comércio da China confirmou a imposição de tarifa adicional de 55% quando o volume importado ultrapassar a cota de 1,1 milhão de toneladas de carne bovina do Brasil. Também foram estabelecidas cotas para outros grandes exportadores de carne bovina para a China.


“Existe a possibilidade de os chineses darem algum tipo de compensação. Eventualmente eles podem conceder a abertura de algum mercado, por exemplo, os mercados de miúdos bovinos e suínos. Pode ser uma saída trabalharmos a abertura destes mercados”, afirmou Rua.

O secretário acrescentou que o governo também mantém conversas com o governo chinês para que os volumes de carnes que já estão embarcadas em águas internacionais sejam internalizadas, usando parte da cota.

- Advertisement -

Rua salientou que o Brasil tem acesso a mais de 150 mercados para a carne bovina e que abriu sete novos mercados desde o tarifaço americano, tendo, segundo ele, condições de reposicionar parte dos embarques que iriam para a China para outros mercados.

Rua observou que a média histórica de exportação de carne bovina para a China é de 1,1 milhão a 1,2 milhão de toneladas por ano. Em 2025, o volume cresce para 1,65 milhão de toneladas. Esse aumento, segundo Rua, ocorre principalmente devido ao tarifaço americano.

Volumes

- Advertisement -

Com o estabelecimento da cota pela China de 1,1 milhão de toneladas por ano sem sobretaxa, o volume exportado pelo Brasil voltaria à média histórica.

“Lembrando que depois do tarifaço abrimos sete mercados, incluindo Filipinas e Indonésia, ambos para carne bovina com ossos e miúdos, que têm perfil parecido com o mercado chinês e possibilidade de realocar embarques. E abrimos recentemente o mercado da Guatemala. Isso ajuda a minimizar essa redução de 500 mil toneladas que não vai poder ser enviada para a China. Mas não é motivo para pânico. Não há uma disrupção de mercado”, disse Rua.

O secretário lamentou a decisão da China, embora ela já fosse esperada. “A gente não gostaria que isso acontecesse. Mas não se trata de uma decisão específica contra o Brasil, não há uma questão sanitária, ou de qualidade. O objetivo é reduzir o volume importado para proteger a indústria local”, afirmou.

Ministro ameniza

O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tentou amenizar os efeitos do anúncio do governo chinês. “Ainda que a China represente 50% das nossas compras de carne, de modo geral, não é algo tão preocupante, porque nós trabalhamos muito para a ampliação dos mercados, abrimos 20 mercados para a carne bovina por todo o mundo”, disse Fávaro, em comunicado nesta quarta.

“O intuito [da China] seria proteger a produção local, estabelecendo cotas com as tarifas atuais para o mundo inteiro, portanto não há discriminação com nenhum país do mundo, em especial ao Brasil. A relação Brasil-China nunca esteve tão boa e vai continuar assim”, acrescentou.

O ministro também detalhou que a cota de carne bovina brasileira destinada ao mercado chinês será de 1,106 milhão de toneladas, o que corresponde a 44% do volume a ser importado com as tarifas regulares atuais.

Fávaro ainda disse que o governo continuará negociando com os chineses para entender a implementação das medidas de salvaguarda. O ministro detalhou, ainda, que pode adotar um esquema de compensação para a carne bovina brasileira com países que eventualmente não conseguirem cumprir a cota de venda para a China.

PróximaSalvaguardas chinesas podem impedir alta do preço da carne no Brasil em 2026

Últimas Notícias

Mais notícias