sábado, agosto 2, 2025

Café do Brasil fica menos competitivo com imposto

Café do Brasil fica menos competitivo com imposto

A sobretaxa de 50% dos EUA ao café brasileiro fará o produto perder competitividade no curto prazo em relação a cafés de outras origens e só restará ao segmento nacional buscar outros mercados o quanto antes, afirmam entidades e fontes do setor exportador.

Se o grão não for incluído na lista de produtos isentos pelos EUA, os exportadores terão de redirecionar o café a parceiros comerciais da Ásia e da Europa, disse a fonte do ramo de exportação. O Brasil é o maior produtor de café arábica do mundo, com 45 milhões de sacas colhidas em 2024, mais do que outros cinco produtores da espécie juntos: Colômbia, México, Honduras, Peru e Etiópia.


A Ásia parece ser o caminho mais fácil, disse outra fonte. No continente, o crescimento médio anual do consumo foi de 2,3% nos últimos cinco anos, segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Em relatório, a consultoria Argus informou que há potencial em mercados em desenvolvimento, como o mundo árabe e o Leste Europeu.

“ ampliar mercados demanda tempo, investimento, campanhas promocionais, acordos comerciais e adequação aos padrões regulatórios — especialmente na União Europeia, onde entraves ambientais têm dificultado o avanço das exportações”, pondera a analista, Sofia Zizza.

A sobretaxa é um problema grande também para as torrefadoras americanas, que têm poucas alternativas viáveis de fornecimento de matéria-prima, ao mesmo tempo em que os estoques nos EUA estão baixos, disse uma fonte. No momento, o café armazenado nos EUA daria apenas para um mês de consumo, acrescentou.

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Se nada mudar para o grão do Brasil até 6 de agosto — quando a sobretaxa entra em vigor —, a Colômbia de se converter em fornecedora imediata, porque o grão colombiano está isento de sobretaxas. No entanto, o país não deve ser capaz de substituir em quantidade o que o Brasil embarca aos Estado Unidos, disse a fonte.

Os EUA importam 25 milhões de sacas de 60 quilos de café ao ano, 99% de seu consumo. Desse total, o Brasil fornece 8,1 milhões. Já a Colômbia entra com 17%, segundo dados da StoneX, baseados nos no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Esses números fizeram o jornal “Wall Street Journal” destacar a limitação dos torrefadores americanos de substituir o café brasileiro por outro fornecedor.

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“Não é fácil substituir o café brasileiro”, afirmou ao Wall Street Journal o analista sênior de bebidas do Rabobank, James Watson. “Na maior parte do tempo, o que você bebe é tudo arábica”, disse.

De acordo com o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, a entidade continua pressionando a National Coffee Association (NCA), que representa a indústria de café nos EUA, para que o produto brasileiro seja isento.

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