O mercado de trigo brasileiro vive um momento de indefinições, marcado por expectativa de safra menor, estoques apertados no Sul e pressão do mercado externo. Segundo a TF Agroeconômica, apesar da leve redução nas estimativas dos estoques globais pelo USDA, de 141,83 para 138,16 milhões de toneladas, os níveis ainda são superiores ao do ano passado, o que indica preços internacionais mais baixos nesta temporada, influenciando negativamente o Brasil, especialmente via importações da Argentina.
Para o produtor, o destaque está na possível oportunidade oferecida pelos contratos futuros: a cotação de julho de 2026 na CBOT está 10,46% acima da de julho de 2025. Isso, mesmo sem garantia de valorização, pode ser explorado como oportunidade de venda antecipada. No Brasil, espera-se uma produção de trigo de 7,30 milhões de toneladas em 2026, inferior às 7,88 milhões previstas para 2025, o que deve elevar as importações entre fevereiro e agosto de 2026, puxando os preços internos para mais próximo da paridade de importação.
Os fatores de alta incluem o bom desempenho das exportações dos EUA, aumento da área em seca nas Grandes Planícies, desvalorização do dólar e preços internos já 18,34% maiores que no mesmo período do ano passado. Além disso, a previsão de uma nova quebra de safra nacional pode manter o mercado aquecido, especialmente se a qualidade do grão continuar baixa, pressionando os preços das farinhas.
Por outro lado, fatores de baixa ainda pesam. O avanço da colheita no Hemisfério Norte, os estoques elevados no RS (360 mil t em junho, com projeção de 130 mil t em outubro), a concorrência do trigo argentino no PR e margens apertadas para os moinhos reduzem o fôlego dos preços no curto prazo. Assim, a TF recomenda que produtores e cooperativas esperem para vender após fevereiro de 2026, enquanto compradores com capital e estrutura devem adquirir entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026, usando o mercado futuro como proteção em caso de alta.