terça-feira, agosto 5, 2025

China retira taxas de importação de café da África e “redesenha” mapa de comércio

China retira taxas de importação de café da África e “redesenha” mapa de comércio

Maior produtor e exportador mundial de café, o Brasil vê na China um mercado em crescimento. Para os chineses, o Brasil deve se manter como o principal fornecedor, mas não o único. O país asiático está ampliando parcerias comerciais no setor. Um mês atrás, retirou tarifas de importação de 53 países da África que produzem café arábica.

A medida, aprovada em junho, amplia o acesso isento de tarifas que antes era restrito aos 33 países africanos, e passou a incluir também as quatro maiores economias do continente: Nigéria, África do Sul, Egito e Argélia. Demonstra o interesse de Pequim de manter negócios aquecidos na África e não depender de um único fornecedor, já que o consumo da bebida cresce bastante no país asiático.


“A China redesenhou discretamente o mapa do comércio de café“, disse a analista do mercado Sarah Charles em um artigo publicado no dia 25 de julho, no site especializado Coffee Inteligence. O anúncio aconteceu durante o encontro ministerial do Fórum de Cooperação China-África (Focac), em Changsha, como noticiado pelo Global Times da China.

A mudança de política comercial com a África é significativa e ocorre em meio às sanções impostas pelo governo de Donald Trump a diversas matérias-primas de dezenas de países. Isso colocaria a China como destino mais atrativo e menos oneroso para as exportações de café do continente africano.

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“O consumo de café na China cresceu 21% ao ano desde 2010, superando o crescimento global. Em contrapartida, a União Europeia está a reforçar as regras comerciais, posicionando a China como um comprador sem atritos”, escreveu a analista.

Em janeiro de 2024, o Conselho de Estado chinês aprovou um plano nacional para Cooperação Econômica e Comercial China-África. Por meio desta política, a província de Hunan, que está entre as regiões centrais e ocidentais da China, lidera a parceria, como descrito no site do Ministério de Relações Exteriores da China. Em um ano, os embarques de café subiram 197,8% nesta rota.

Historicamente, a África direciona a maior parte de suas exportações de café verde para a Europa e, em menor grau, para os Estados Unidos. Mais recentemente, porém, a Etiópia passou a concentrar suas exportações em mercados asiáticos (54,5%), à frente da Europa (29,5%), segundo dados publicados no Global Times e no site Coffee Inteligence.

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O crescimento é um reflexo direto da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), que está a menos de seis meses de vigência, e que atrapalharia as exportações da África para a Europa.

Relação com o Brasil segue firme

Contudo, o interesse da China pelo café de origem africana não atrapalha a relação comercial com o Brasil, porque o consumo cresce em ritmo acelerado no país asiático, ao passo que a agenda de abertura de novos mercados também aumenta.

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