Segundo meteorologista, cenário é resultado de previsão que indica neutralidade climática e regime hídrico mais previsível
Diante de um contexto desafiador com custos elevados, dificuldades na obtenção de crédito e conflitos nas relações comerciais internacionais, os produtores brasileiros terão no clima uma boa notícia para o ciclo 2025/2026. “O plantio da safra de verão será marcado por condições climáticas amplamente favoráveis, com chuvas regulares já na abertura da janela de plantio”, projeta Eugenio Cesar de Marco Greghi, meteorologista da FieldPRO, empresa que desenvolve tecnologias para análise e previsão do clima em alta resolução, com foco no agronegócio.
O cenário, explica o especialista, é resultado do segundo ano consecutivo de neutralidade climática, situação em não haverá a influência dos fenômenos El Niño ou La Niña sobre o clima global, “desta vez com o oceano já estabilizado, o que garante um regime hídrico mais previsível e abrangente”, afirma.
Projeções extraoficiais para a safra de grãos 2025/2026 indicam um volume de produção superior ao registrado no ciclo anterior, quando a produção superou as 339 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “Se depender do clima a produtividade será ótima e teremos uma nova safra recorde”, diz Greghi.
Em 2024, apesar da neutralidade, a transição após um forte El Niño ainda manteve temperaturas oceânicas elevadas e atrasou a regularização das chuvas. O resultado foi um setembro seco e quente, com queimadas e fumaça cobrindo o país. Este ano, a história será diferente. “O produtor vai poder plantar assim que abrir a janela de plantio. A soja terá uma janela satisfatória e o milho não ficará prejudicado, permitindo o manejo dentro do cronograma ideal”, detalha Greghi.
Para a região Sul, embora a perspectiva geral seja positiva, é possível a ocorrência de ondas de frio tardias entre o fim de setembro e novembro, além de períodos pontuais de estiagem no verão, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná.
“Podemos ter alguns dias frios fora de época e chuvas excessivas em áreas como norte de Minas Gerais, Goiás e partes de Mato Grosso, mas nada que comprometa o desenvolvimento do ciclo produtivo”, avalia Ricardo Sodré, diretor da FieldPro.
Chuvas localizadas
Ocasionadas pelo aquecimento global e pela maior variabilidade climática, cada ano mais evidente e intensa, as chuvas localizadas não estão descartadas. “No entanto, a neutralidade associada a uma possível ocorrência de um La Niña fraco no próximo verão tendem a favorecer a formação de corredores de umidade, espalhando as precipitações de forma mais abrangente no Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba.
De forma geral, o clima será favorável tanto para a soja quanto para o milho, com impacto positivo também no algodão, que será beneficiado pela ausência de longos períodos de calor extremo.