Tubérculo originário da Cordilheira dos Andes tem se tornado a principal opção entre alguns produtores que cultivam legumes, raízes e hortaliças
Ainda pouco conhecida pela maior parte dos brasileiros, a batata yacon vem ganhando espaço no campo. Com o cultivo distribuído entre os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro Paraná, e Santa Catarina, o tubérculo, que é originário da Cordilheira dos Andes, tem se tornado a principal opção entre alguns produtores que cultivam legumes, raízes e hortaliças.
Waldemiro Antonio Vieira é um deles. O agricultor, que distribui o cultivo de inhame, gengibre, abobrinha, repolho e alho em oito hectares, tem na yacon o principal produto de sua lavoura. “Metade da minha área é de yacon”, conta. Este ano o produtor estima colher 56 toneladas e já pensa em aumento do plantio em 2026. “Tudo o que planto, vendo”, diz
Atualmente, apenas em Piedade (SP), estima-se que 80 produtores cultivem cerca de 100 hectares da raiz. Donisete Prestes de Oliveira é um dos pioneiros. Planta yacon há mais de 30 anos e todo ano aumenta um pouco a área. “Nos últimos dez anos dobrei o cultivo”, conta o maior produtor do município, onde se concentra a produção da yacon no Brasil.
Além de 25 hectares próprios, o Donisete cultiva mais 15 hectares em parceria com outros agricultores e deve colher uma safra de aproximadamente 750 toneladas neste ano. “Espero colher 500 toneladas. É um volume que conseguimos escoar principalmente para o mercado in natura, para a Ceagesp de São Paulo e também Campinas e Rio de Janeiro”, diz.
No sítio de Solange Oliveira a yacon também é o principal item. Ocupa seis hectares. Outros quatro hectares são divididos com o cultivo de repolho, abobrinha, mandioquinha e coentro. “Ano que vem pretendo aumentar em dois hectares a área”, diz a produtora que também comercializa sem dificuldade tudo o que produz.
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Os preços pagos incentivam o incremento da produção. O quilo da yacon oscila de R$ 3,00 a R$ 5,00, dependendo da época do ano. Os custos, segundo os produtores, ficam próximos de R$ 2,00 o quilo. A cotação da yacon é melhor que a da batata comum lavada, que, de acordo com o Cepea, está em R$ 1,06 o quilo.
A yacon se adaptou muito bem ao clima de Piedade, região serrana, mas não muito fria. “Faz frio de noite, mas não muito intenso, entre 15ºC e 18ºC, condição muito boa para o desenvolvimento da raiz”, descreve Donisete. Segundo ele, a região reúne condições ideais de clima e altitude para o desenvolvimento da cultura, que exige noites frias, solo bem drenado e altitude acima de 800 metros.
Outro diferencial das lavouras de Piedade é o manejo que permite colher praticamente o ano inteiro. Tradicionalmente, a colheita de yacon ocorre uma vez ao ano, mas, com técnicas desenvolvidas pelos produtores locais, é possível também multiplicar a cultura a partir do caule, reduzindo o ciclo para seis meses. Assim, enquanto áreas mais antigas são colhidas após nove, dez ou 11 meses do plantio, outras, mais novas, entram em produção mais cedo.
A colheita é manual. A raiz é sensível e não suporta impacto, o que exige trabalho cuidadoso na retirada e no manuseio. Donisete estima que este ano a produção da região de Piedade deve alcançar em torno de 1,5 mil toneladas, 20% maior que a safra do ano passado.