Mercado americano sofre as consequências de doença que dizimou pomares da Flórida, o que aumentou a dependência do produto brasileiro em larga escala
As indústrias de suco de laranja receberam com alívio a informação de que a commodity está isenta da tarifa de 50% para exportação aos EUA. O setor continuará pagando os atuais 10% de taxa. Ibiapaba Netto, diretor-presidente da CitrusBR, entidade que reúne as principais companhias do setor, afirmou que o alívio vem com uma responsabilidade.
“O setor entende que tem compromisso de continuar atendendo o mercado americano como faz há 60 anos”, afirmou. O Brasil é o principal fornecedor de suco de laranja aos EUA, com 70% de tudo que eles importam.
“O consumo americano também caiu bastante nesse período, mas não de uma maneira tão acentuada como a produção”, diz. “Então, essa diferença entre o eles produzem o que consomem acabou aumentando a necessidade importação de suco”, acrescenta.
Na terça-feira, sem saber que estaria entre as exceções, a CitrusBr calculava perdas de US$ 792 milhões, o equivalente a mais de R$ 4 bilhões. Com a manutenção da taxa anterior, de 10%, anunciada em abril, o custo adicional para as exportadoras é estimado em US$ 635 milhões.
Por que os EUA precisam do suco de laranja do Brasil?
Para os americanos, o suco de laranja brasileira é fundamental para manter em equilíbrio o quadro de oferta e demanda. De acordo com o Departamento de Agricultura do país (USDA) atualmente, cerca de 80% do suco de laranja consumido nos Estados Unidos é importado, sendo o Brasil e o México, os maiores fornecedores.
Essa dependência crescente é consequência direta da crise produtiva enfrentada pela citricultura dos EUA, especialmente na Flórida, Estado historicamente responsável por grande parte da produção nacional. “Há 15 anos, a Flórida produzia 150 milhões de caixas de laranja de 40,8 quilos de laranja. Nesta safra, produziu apenas 11 milhões de caixas”, lembra Ibiapaba Netto, da CitrusBr.