Em outubro, setor não conseguiram embarcar 2.065 contêineres, o equivalente a 681.590 sacas de 60 quilos
A infraestrutura defasada nos portos brasileiros e os gargalos na logística geraram perdas de mais de R$ 55,13 milhões aos exportadores de café, no acumulado de janeiro a outubro deste ano, de acordo com levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo o Cecafé, o levantamento não inclui os gastos relativos a fevereiro, por falta de dados encaminhados pelos associados no mês.
Apenas em outubro, os exportadores não conseguiram embarcar 2.065 contêineres de café, o equivalente a 681.590 sacas de 60 quilos. O prejuízo dos exportadores no mês foi de R$ 8,72 milhões, gastos com armazenagens adicionais, organização de contêineres em pátios de terminais antes do embarque, cobrança dos armadores por atraso na devolução do contêiner vazio ao terminal
O não embarque desse volume impediu o país de faturar US$ 278,08 milhões (R$ 1,497 bilhão) com a exportação. Esse montante considera o preço médio livre de impostos (FOB) de US$ 407,99 por saca de café verde, e o dólar médio de R$ 5,3849.
“Estamos alertando a respeito do cenário caótico relativo à infraestrutura nos portos brasileiros há tempos, em especial em Santos, o maior do hemisfério sul, e a tendência é observarmos uma piora constante, principalmente com o atraso na oferta de pátio e de berço do Tecon Santos 10”, afirmou Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.
Ele observou que investimentos recentes, como a contratação de empresa para aumentar o calado para 16 metros, a implementação da segunda alça de acesso ao embarcadouro santista e a proposta de terceira via de descida da Rodovia Anchieta são muito importantes, mas vão levar pelo menos cinco anos para serem entregues.
Em outubro, dos 393 navios, 204 (52%) tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil, de acordo com o Boletim DTZ, elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé.
O Porto de Santos, que respondeu por 79% dos embarques de café de janeiro a outubro, teve 73% de atraso ou mudança de escalas de navios. O maior atraso chegou a 61 dias até o embarque.
O complexo portuário do Rio de Janeiro, responsável por 17,4% (113 navios) dos embarques de janeiro a outubro, teve índice de atrasos de 30% em outubro. O maior atraso foi de 77 dias.