Ele explicou em entrevista à Reuters que a falta de certificado fitossanitário pode impedir, por exemplo, o desembarque de milho brasileiro no exterior, caso o documento não seja emitido a tempo.
“É a pior coisa que pode acontecer para exportações de grãos”, acrescentou Mendes, referindo-se aos embarques de milho, que tradicionalmente ganham ritmo no segundo semestre.
A maior parte da soja colhida na última safra do país, o maior exportador global da oleaginosa, já foi exportada em meses anteriores. O Brasil é ainda o segundo maior fornecedor de milho para os mercados externos, após os Estados Unidos.
“O que nos preocupa é a emissão do certificado fitossanitário, e agora mais ainda, porque está terminando a exportação da safra de soja e começando a de milho”, disse.
Ele explicou que um navio de milho exige de “nove a dez vezes” mais certificados do que o de soja, uma vez que são vários importadores. No caso da oleaginosa, o produto segue majoritariamente para a China.
“São vários importadores, é um mercado mais pulverizado, são granjeiros, não são grandes tradings, como é o caso da soja”, disse. “E para cada importador tem que ter um certificado, isso vai dar um trabalho maior.”
Ele disse que é prematuro para estimar perdas pela greve, acrescentando que as perspectivas são de exportações recordes de 30 milhões de toneladas, que podem ser ameaçadas caso a greve se prolongue por muito tempo.
“Isso pode se arrastar diante de um governo com problemas, é extremamente preocupante”, completou.
O diretor-geral da Anec disse que a associação está conversando diretamente com os fiscais de Santos, onde está o principal porto para a exportação do cereal, visando minimizar problemas. No caso dos outros portos, a negociação está sendo feita via Brasília.
A preocupação é para exportações com rotas mais curtas, com risco maior de o certificado não ser emitido a tempo de o produto chegar no destino. “Já informamos a fiscalização para priorizar esses casos, para não ter o perigo de não descarregar.”
O certificado é emitido, normalmente, após o navio com o produto deixar o porto.
Sem documentos, o exportador também pode ter problemas para receber o pagamento pela carga. “Um navio de 20 milhões de dólares, não é brincadeira contar que vai receber isso e começar atrasar”, afirmou, referindo-se ao valor aproximado de uma carga típica de 60 mil toneladas.
Além disso, se o navio ficar parado, impedido de descarregar, ou atrasar o embarque por causa da greve, isso gera um custo adicional de 30 mil dólares por dia, pelas despesas com o frete.
A Abiove, que representa os exportadores de soja, afirmou que ainda não há informações sobre problemas pela greve.
Procurados, exportadores de carnes não se manifestaram imediatamente sobre o assunto. Os fiscais agropecuários também são responsáveis por liberar essas cargas, incluindo de animais.