Estudo destaca impacto de custos no agronegócio

A
soja, responsável por cerca de 30% do custeio total do agronegócio brasileiro, apresentou nos últimos anos oscilações de receitas, custos e margens. O novo estudo da Serasa Experian aponta que essa movimentação pressiona a saúde financeira dos produtores, que nos últimos quatro anos registraram suas margens de lucro caindo pela metade. Segundo a empresa, o resultado decorre da combinação de preços menores, custos ainda elevados e recuos de produtividade, fatores que reforçam a necessidade de “uma gestão de risco ainda mais tecnológica, baseada em dados e com um monitoramento em tempo real para toda a cadeia”.
A análise de sensibilidade foi construída a partir de dados de receitas e custos – insumos, defensivos, arrendamentos e mão de obra – apurados nos principais municípios brasileiros nos últimos cinco anos. Essas informações foram associadas aos mapas de produtividade produzidos pela Serasa Experian para o mesmo período nessas regiões.
Frente às últimas cinco safras, o ciclo 2021/22 marcou o auge de rentabilidade para o produtor, com receita média de R$ 8.465,03 por hectare, impulsionada pelo preço da saca acima de R$ 150 e, em alguns casos, ultrapassando R$ 175. No entanto, a produtividade caiu 7% devido a condições climáticas adversas. Nos anos seguintes, a realidade mudou: em 2023/24, a receita por hectare caiu 15% em relação ao pico registrado em 2021/22, chegando a R$ 6.922,12, acompanhada de queda de 3% na produtividade.
Os custos também pesaram. De acordo com a Serasa Experian, fertilizantes e defensivos subiram substancialmente entre 2021 e 2022, pressionados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. O custo por hectare atingiu o pico em 2022/23, registrando R$ 5.713,62 para produtores com terras próprias e R$ 7.505,49 para arrendatários. Mesmo com uma leve queda posterior, os patamares seguem elevados.
Segundo o aponta o estudo, esse descompasso impactou diretamente a rentabilidade. No caso do produtor proprietário, a margem média que era de 48,6% em 2020/21 caiu para 29,6% em 2022/23 e recuperou para 35,7% em 2024/25.
Para o arrendatário, a situação foi mais crítica. De 27,2% em 2020/21 para apenas 7,3% em 2023/24, com recuperação parcial para 14,8% em 2024/25. A Serasa Experian observou que cenários com financiamento total dos custos no mercado de crédito ampliam ainda mais essa pressão, reduzindo as margens a níveis mínimos.
De acordo com especialistas da Serasa Experian, “a sustentabilidade financeira do agronegócio depende cada vez mais de governança de crédito robusta e análise de dados de alta precisão”. A empresa afirma que hoje é possível “combinar diferentes dimensões de risco – histórico de pagamentos, capacidade produtiva, resiliência climática, compliance ESG e projeções de preços – para antecipar riscos e renegociar contratos quando necessário”.