A nova temporada global de trigo avança com boas perspectivas e deve alcançar um volume recorde de produção em 2025/26. Entretanto, no cenário brasileiro, o ritmo é outro: a colheita nacional do cereal tende à retração. O país caminha para uma safra menor, resultado direto da redução da área plantada e das incertezas climáticas enfrentadas pelos produtores.
Segundo informações divulgadas pelo Cepea, com base em dados da Conab, a produção de trigo no Brasil está estimada em 7,81 milhões de toneladas — volume 4,6% inferior à previsão anterior e 0,9% abaixo da colheita registrada na última safra, que somou 7,89 milhões de toneladas. Essa queda acompanha uma redução expressiva de 16,5% na área semeada com o cereal, que passou de 3,05 para 2,55 milhões de hectares.
Diante desse recuo na oferta interna, pesquisadores do Cepea alertam para uma possível ampliação nas importações brasileiras de trigo entre agosto de 2025 e julho de 2026. A dependência do mercado externo deve aumentar, especialmente considerando o consumo estável e a demanda da indústria moageira.
Mesmo com a menor produção, os preços domésticos do trigo em grão seguem em queda, conforme aponta o levantamento do Cepea. Essa desvalorização é impulsionada principalmente pelas cotações internacionais mais baixas e pela queda no dólar, o que torna as importações mais competitivas.
O cenário atual exige atenção do setor produtivo e dos agentes do mercado, já que o Brasil, historicamente dependente de trigo importado, poderá ampliar ainda mais essa necessidade diante da combinação de menor área cultivada, queda nos preços e avanço da oferta global.