Embarcação não recebeu autorização de autoridades turcas para desembarque por falta de brincos ou chips eletrônicos em parte dos animais
Dois meses após o embarque, o navio que transportava quase 3 mil bovinos vivos do Uruguai para a Turquia atracou nesta segunda-feira (24/11) na Líbia, informou o Ministério da Agricultura uruguaio.
Em nota, o órgão diz que “o capitão do barco comunicou que todos os animais foram desembarcados em boas condições sanitárias”.
A embarcação Spiridon II não recebeu autorização de autoridades turcas para desembarque por falta de brincos ou chips eletrônicos em parte dos animais. Em razão do impasse, o navio ficou ancorado com os animais durante três semanas.
As autoridades uruguaias alegam que o embarque cumpriu um processo sanitário rigoroso, que incluiu: acordos sanitários bilaterais, seleção realizada pelo comprador estrangeiro, quarentena com permanência mínima obrigatória, testes sanitários, vacinação, entre outros.
O informe técnico diz que 3.077 animais ingressaram originalmente na quarentena, e 2.901 foram embarcados rumo à Turquia no dia 20 de setembro.
Ainda segundo as autoridades uruguaias, a embarcação chegou a Bandirma no dia 21 de outubro e não foi autorizada a descarregar “por motivos vinculados à operação comercial”.
Tanto o Uruguai quanto a Turquia enfatizaram que o caso não envolvia preocupações sanitárias relacionadas ao gado, mas sim uma disputa entre partes privadas.
“Com o desembarque finalizado, as autoridades sanitárias uruguaias confirmaram que seguirão monitorando as informações remanescentes da viagem e a atualização de eventuais baixas, que ainda não foram comunicadas”, informou o ministério, em nota.
ONG defende proibição
O caso despertou a preocupação de entidades que defendem os direitos dos animais, em especial devido às condições sanitárias e à disponibilidade de alimento e água para os bovinos.
A ONG Animal Welfare Foundation relatou que “suspeita que o navio tenha despejado carcaças e restos durante um longo período sem comunicação e alerta que os animais podem ter ficado sem ração ou cuidados veterinários”.
A organização informou que irá exigir uma investigação internacional imediata, a cargo da Organização Mundial de Saúde Animal. Também pede exames médicos em todos os animais ainda vivos, estejam a bordo ou em território líbio. A entidade defende ainda a proibição do transporte de animais vivos em alto-mar.


