quinta-feira, agosto 28, 2025

Safra mundial de trigo deve ser recorde, mas com estoques apertados

Safra mundial de trigo deve ser recorde, mas com estoques apertados

A produção global de trigo deve ser recorde na atual safra, mas os estoques mundiais continuam apertados, aponta o consultor de risco da StoneX, Jonathan Pinheiro. As estimativas atuais apontam para uma produção mundial entre 808 milhões e 809 milhões de toneladas do cereal, representando um volume recorde. O consumo, por sua vez, também deve atingir patamares históricos, variando entre 806 e 809 milhões de toneladas. Diante desse cenário de alta demanda, os estoques permanecem apertados.

Segundo Pinheiro, que participou, na quinta-feira (31/7), de reunião da Câmara Setorial do Trigo do Estado de São Paulo, os estoques globais de trigo vêm diminuindo há cerca de seis safras consecutivas, refletindo uma diferença persistente entre o crescimento da produção e um consumo que avança em ritmo mais acelerado.


Apesar disso, o consultor observa uma estabilização da relação estoque/uso ao longo dos últimos três anos, o que indica algum equilíbrio momentâneo entre oferta e demanda.

A situação muda, porém, quando se exclui a China da equação. O país detém cerca de 51% dos estoques mundiais do cereal, e sua menor participação nas importações nesta temporada, aliada à expectativa de recuo nas compras para a próxima safra, tem ampliado a disponibilidade global para o mercado internacional.

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“Temos um fôlego em relação a essa redução da oferta mundial”, avalia Pinheiro. No entanto, a situação inspira atenção.

“Essa é uma bomba que talvez não estoure agora, mas a gente tem que ficar atento. Existe uma preocupação, porque com o estoque apertado, qualquer interferência — como guerra, entraves logísticos ou problemas geopolíticos — pode ser um gatilho muito forte para uma recuperação de preços”, avaliou.

Preços

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O mercado internacional passou por ajustes desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, que gerou uma forte alta nas cotações. Recentemente, o cenário vem se estabilizando. “Talvez já tenhamos passado do piso do mercado e agora vemos uma menor amplitude de preços”, afirmou.

Nesta sexta-feira (1º/8), os papéis com entrega para setembro fecharam em queda de 1,24%, cotados a US$ 5,1675 o bushel.

Segundo o consultor, o mercado já teria se ajustado a um patamar mais baixo de preços, mas o espaço para novas quedas seria hoje mais limitado do que o potencial para altas diante de eventos inesperados.

Fator Argentina

A Argentina, principal fornecedora de trigo para o Brasil, deve exercer forte influência sobre os preços do cereal no mercado brasileiro nos próximos meses. Para a próxima temporada, a estimativa é que o país vizinho exporte entre 13 e 14 milhões de toneladas de trigo. Segundo Pinheiro, esse volume expressivo exige que a Argentina se mantenha competitiva no mercado internacional, o que tem provocado uma pressão de oferta sobre o cereal.

“Para ela exportar todo esse volume, ela precisa de preço, ser competitiva. Então há uma grande pressão de oferta no trigo argentino. Isso derruba as cotações na Argentina e nossas paridades de importação e preço aqui no Brasil também”, afirmou.

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